quinta-feira, 31 de março de 2011

Tapete carmesim...


senna




A dolência do passado não deixo-me entorpecer...
Que os laços errados apodreçam e venha o alvorecer.
Que as palavras torpes por si só, retornem aos lábios de nó.
Meu nome: “ousadia”, a mesma, os frios sem coragem tem medo de conhecer.

Faço da minha estrada cinzenta, tapete carmesim,
Sei que a poeira de outrora é grudenta, eu insisto e ponho fim!
Fim no velho jardim, cuja as flores, margaridas...
Morrem secas sem colibris.

Pele alva, olhos tristes, alma forte...
Sedenta de rios, cujo o nome: carinho.
Abomino a frieza, aquela, que não tem beleza e nem põe mesa.

A indiferença dos orgulhosos no penhasco,
Já não queima-me a carne,
Ofereço então meu regaço, misturado com meu canto, para seu pobre pranto.



((( Camila Senna))) 



IMUNIDADE PARLAMENTAR


A IMUNIDADE PARLAMENTAR É ELEMENTO INTANGÍVEL MAIS PODEROSO QUE A KRIPTONITA.
Mario Rezende

sábado, 26 de março de 2011

QUANDO EU ERA MOLEQUE


Quantas pipas empinei nos meus dias de folguedos,
era um prazer imenso “dar a elas” a linha do carretel,
e quanto mais de mim elas se afastavam,
mais prazer me davam por poder brincar lá no céu
com outro menino bem distante, segurando a linha na mão,
enquanto eu estava bem firme com os pés no chão.
Ah, Quantas lembranças me traz aquele tempo lá de trás!
As brincadeiras infantis, meninas e meninos
num trinar alegre quando todos se juntavam
como a algazarra que faziam na hora do recolhimento,
ao crepúsculo, os bandos de pardais,
avezinhas que pouco se vê ou ouve nos dias atuais.
Como era divertida a pelada com a bola,
brincar de bandeirinha, pique-esconde e tá contigo!
Jogar com as multicoloridas bolinhas de gude;
girar no corrupio, a brincadeira do anel à noitinha,
para ganhar beijinhos das cobiçadas menininhas
no despertar das intenções de namoro sorrateiro,
na aurora da juventude,por demais prazenteiro.
As festas do mês de junho, isso então!
Pular fogueira, comer canjica e batata assada,
soltar fogos e balões, dançar a quadrilha sempre animada...
Em qualquer idade ou situação,
sempre valiam muito os folguedos de improviso
ou o brinquedo feito à mão, a bola de meia,
o jogo de prego, e futebol de botão,
fazer zunir com a fieira o pião.
Com um canudo do talo da folha do pé de mamão
eu enchia de ar as bolinhas de sabão.
Latas de leite em pó serviam para fazer carrinhos,
cheias de areia e puxadas por um barbante, viravam brinquedinhos.
Uma, duas, três ou mais formavam um comboio,
tão divertido como o mergulho com a turma nas águas do arroio.
O desafio que proporcionavam os carrinhos de rolimã
descendo as ladeiras arborizadas da minha cidade ou
subir na árvore com outros garotos em disputa,
para colher a que parece a mais apetitosa fruta
e saboreá-la sentado à sombra que oferecia,
observando bandos de aves em piruetas lá no céu.
Minha caramboleira preferida, o lugar aonde eu me escondia
para ficar com meus pensamentos vagando ao léu.
Amiga e companheira, me balançava em seus braços
e me enchia de abraços, quando me sentia o mais infeliz.
Desse modo minha infância passou num tempo embalado
e pelo menos uma parte do que naquela época eu fiz,
me dá vontade de viver outra vez.
Isso quando puder, com meus filhos ainda faço,
ou com os futuros netos, talvez,
apesar de o ambiente estar muito modificado,
tornando muito pequeno o adequado espaço


Mario Rezende

terça-feira, 22 de março de 2011

Queria

















Queria ser somente pura
de argumentos, de palavras,
pensamentos e controvérsias.
Nada quero ser além de um
rio e suas correntes,
nada de mar, de profundezas...
Ou que nascesse em mim
humildade, uma adolescente
mansa, flor sem espinho.
Essa ânsia das coisas simples...
Queria profundamente não ser
tão desigual,
tão absurda no meu perfume,
no meu capricho,
tão errante...
Queria mais liberdade no acordar,
mais privacidade na madrugada,
queria não ser “eu” por enquanto.

segunda-feira, 21 de março de 2011

JORNADA CULTURAL ARTPOP

BALANCÊ DA ALMA FAMINTA


Alma...
Doce senhora de mim,
da minha alegria, da lágrima,
do meu rosto manso, do fardo maldito.
Não se surpreenda se eu não mais chorar,
não sorrir,
não falar estas palavras repetidas.
Não sou mais amante dela e meu corpo
repousa no quarto falido.
Já não há tato,
apenas um grito no ritmo da orquestra
que toca no rádio, um pedido de socorro,
uma dor passageira, convulsões abstratas.
Serei eu mesma o mágico do meu disfarce,
para que ninguém perceba a
minha vontade de ir antes da morte.
A minha alma quer abrir a porta e
cultuar algum momento,
agradar a melancolia,
balançar no colorido que esconde a escuridão,
Balancê da alma faminta!
O que queres de mim se já tomou o meu corpo?
Se tens tudo que eu tinha...
O que sou agora?
Fugitiva de mim mesma,
um eu sem mim,
uma grande dor,
uma grande dor...

Por Sulla Mino

domingo, 13 de março de 2011

O ELEITOR E O SUFRÁGIO


O ELEITOR E O SUFRÁGIO

Hoje foi dia de votar. Dia de eleger deputados, senadores, governadores e até presidente. Acordei contrariado porque, além disso, estava chovendo. Aquela chuva fininha que, dá a impressão, molha mais que a grossa. Esta parece que é mais espalhada, a fininha cai unida e encharca. De qualquer forma existe o guarda-chuva, que apesar de ser útil, é inconveniente e a maioria das pessoas não gosta de usar. Eu pelo menos evito e só uso quando não tem jeito mesmo. Ele protege da água que vem de cima pelo menos até a altura das pernas. A que vem de baixo, quando alguém pisa firme numa poça ou pelos lados, jogada por um motorista mau caráter, só um palavrão para aliviar, mas mesmo assim ficamos molhados. Azar dos pés, que não temos como proteger e ficam à mercê da chuva e das poças. Antigamente existiam as galochas que funcionavam como capas para os sapatos, permitindo aos pés se manterem secos, como o próprio nome já dizia: anidropodoteca (galocha era o nome popular).
Mas o maior motivo da minha contrariedade é mesmo ter que sair de casa para cumprir a obrigação de votar. O principal instrumento democrático que incoerentemente é obrigatório, denuncia que vivemos sob um regime autoritário disfarçado. Pelo fato de ser imposto já não é muito simpático. Se não fosse assim, poucos se disporiam a perder tempo para se deslocar até a urna. Não bastasse, ainda temos que engolir a palhaçada do horário eleitoral gratuito, apesar de que podemos desligar a televisão.  Mas a maioria gosta desse tipo de coisa. Tudo é motivo para festa, aposta. Fica torcendo para que o candidato em quem ele votou chegue em primeiro, acompanhando a contagem dos votos como se fosse concurso de escolas de samba. Discute, sai no braço, deixa de falar, ganha inimigo e até mata. Pior que o sujeito, geralmente, nem conhece a pessoa pelo qual está se aborrecendo. Muito pior é que o único objetivo do candidato é se eleger para usufruir dos benefícios e de todas as mordomias inerentes àqueles que alcançam os três poderes. Depois, eleito, adeus, vai tratar de si, o eleitor que se dane. Se fosse ele faria a mesma coisa.
No caminho para a seção em que eu voto, um homem me abordou dizendo que é mendigo (ele disse mindingo, claro) há mais de dez anos e queria saber se poderia votar. Disse que nem sabe onde foi parar o título, mas queria votar no atual governo, porque pelo menos agora consegue almoçar por um real no restaurante popular e ele tem muito medo que alguém acabe com essa mordomia, então vai ficar mais difícil comer. Arrumar um real é mole, dez é quase impossível.
É por isso que eu voto nulo. Pelo menos do mal do arrependimento não padeço. Além disso levo a vantagem de que não careço decorar número de candidato, levar cola, etc. Também não preciso assistir a debates baixo nível, nem ficar com complexo de culpa se o governo do sujeito eleito não der resultado e ainda posso culpar os outros: “Tá vendo, quem mandou votar no cara?”

sexta-feira, 11 de março de 2011

MULHER SAPIENS SAPIENS SAPIENS


MULHER SAPIENS SAPIENS SAPIENS
 Cerca de uma década depois da fase chamada balzaquiana, a mulherada está aí, em plena atividade, mostrando o seu interior macio numa explosão de sensualidade. Mas ao contrário do milho que só vira pipoca uma vez, a mulher inaugura a fase pós-balzaquiana cheia de experiência, porque ela teve a oportunidade de virar pipoca muitas vezes.  Algumas caranguejeiras saíram de dentro do esconderijo, se depilaram e andam por aí, desfilando de new look, papando suas presas inexperientes, alimento saudável para a auto-estima e incentivo pra manter a fisionomia adequada neste mundo pelos free, pelos out.
As pererecas consagradas deixaram de ficar de molho no brejo e, rejuvenescidas, depois de uma overdose de auto-estima saíram por aí em busca de sapinhos, na esperança de encontrarem um príncipe encantado, travestido de companheiro ideal, em substituição aos seus velhos e rechonchudos sapos que tiveram que aturar por causa da falta de pulinhos necessários e vão empurrando a menopausa para a frente.
Por falar nisso, tem uma amiga minha, que está justamente nessa fase de dar uma guaribada, também com a finalidade maior do que trocar somente o visual, porque ela estava lá pensando na vida, depois de dar uns chutes na bunda de uns e outros (alguns mereciam, antes, em outro lugar), até que de repente, “puff”, no seu brejo apareceu o príncipe. Não sei se era sapo, o fato é que ela segurou logo e foi pintando o bicho de Brad. Tomara que dê certo, estou torcendo por ela, apesar de que sou suspeito para falar. Por causa disso, resolveu até botar anel e abandonar a solteirisse. Não sei se está dando saltos muito rápidos porque pintou aqui no meu brejo há pouco tempo, só sei que está em velocidade máxima, só para quando as paredes dos vasos ameaçam romper. Está correndo mais que o beep, beep, o papa-léguas.  Dizem os entendidos (e os metidos a), que isso não é bom, vive mais quem não esquenta, como a tartaruga, pulsação quase parando. Também, não sei se toda essa correria é por causa da preparação para o corpo a corpo com Brad ou se é por conta do bread dela de cada dia que está cada vez mais duro de conquistar.
De qualquer forma, a esperança é a última que morre. Mas não considere tudo ao pé da letra, porque lá no meu jardim, a esperança (pobre insetinho), foi justamente a que morreu primeiro, sob a sola de uma sandália Havaianas (não a minha, claro, porque não costumo dar chineladas à toa em bichinhos inofensivos que vivem no jardim e outros grilos, muito menos matar a esperança de alguém); talvez, por acreditar nos ditos populares sem pesquisar a razão deles. Esse da esperança, por exemplo, é bem antiguinho, vem lá dá época dos deuses e tudo por causa de uma mulher (elas estão sempre na parada), tal de Pandora.
Algumas resistem mesmo, tenho que admitir. Vivem paraplégicas, clinicamente mortas, mas não entregam os pontos, de jeito nenhum. Mesmo depois de fazerem a passagem, continuam como esperanças-fantasmas. Apesar de que tem hora que não dá para segurar e tem que se soltar igual a panela de pressão, porque ninguém é de ferro, né? Encarar a situação de frente e ir à luta com seus próprios recursos naturais, porque tem coisas que quem está de fora não conhece, como hemorroidas, que ninguém vive dizendo que tem, apesar de que hoje, até isso está difícil de esconder, senão não se aproveita a vida. Aí eu tenho mais é que dar força para ela. Vai fundo antes que o charco comece a secar, porque passa a ser dolorido, perde a graça e o tesão também. Então, tem que aproveitar mesmo enquanto é prazeroso e gostoso demais...

terça-feira, 8 de março de 2011

NÁUFRAGOS - POR SULLA MINO


Estamos sem respostas
neste tempo que aqui não passa,
no submundo dos avessos,
no vazio velho e perdido.
O horizonte tão distante de nós,
não vemos velas ou iates,
temos o sol escaldante da manhã e
só podemos sentir no rosto o frio da noite,
esta vista fora da varanda.
Quanto tempo ainda nos resta?
Somente som de ondas, sem palavras, sem rimas.
Acendemos a fogueira a lembrar luzes de Las Vegas,
brindamos com água de coco,
sentindo o gosto de Black Label,
fitamos estrelas, mesmo com o rosto sujo de
lágrimas e ao amanhecer a diversão é
desenhar na areia SOS.
Somos náufragos de um
momento que não volta mais,
de um instante que se perdeu no meio do nada,
nada nos bolsos e paletós,
lembranças nas mentes e
muita vontade de voltar para casa.
O sabor salgado não sai da boca,
a pele já muito bronzeada,
os cabelos já estão grisalhos,
quanto tempo estamos assim?
Não sabemos se o mundo lá fora
é melhor agora,
no vai e vem de automóveis,
ruídos de máquinas modernas,
fome, guerra, traições e doenças.
Somos náufragos de tolices,
o melhor é ficarmos ilhados...
Sem modernidades?
O problema é não poder voltar,
agora nada, nada, nadar.

quarta-feira, 2 de março de 2011

FOI ASSIM, PRONTO E ACABOU?

                               
                     
FOI ASSIM, PRONTO E ACABOU?
Apesar das críticas dos adeptos, seguidores, das idéias dos criacionistas, que encontraram uma maneira simples, simplória, de explicar o que é muito difícil ou quase impossível, pelo simples fato de que o que é divino é indiscutível, portanto, não deve ser explicado.
Então, foi assim, pronto e acabou! É? Mesmo que se pareça com uma produção da Disney ou saída da imaginação de J.K. Rowling?
Ainda que a ciência tenha avançado tanto, talvez ainda sejam necessários outros tantos anos de estudo quanto os já vividos pelo homem enquanto ser inteligente, para fornecer uma explicação convincente sobre a origem, já que o próprio homem continua em processo evolutivo, como pensado por Charles Darwin, como todo o universo, aliás, em constante mutação. E as evidências estão ao nosso redor. Todos os vestígios encontrados em relação ao homem, desde os primórdios, sugerem a seguinte cadeia:
AUSTRALOPITHECUS– Os hábitos de vida, assim como o aspecto dos homens nessa fase, pouco diferiam do chimpanzé. Até na aparência se assemelhavam aos macacos. Usavam ossos e pedras como instrumentos;
HOMO HABILIS – Passaram a receber essa denominação quando adquiriram a habilidade de talhar a pedra e usá-la como arma;
HOMO ERECTUS – Nessa fase o homem dominou o fogo, adquiriu a bipedia, e construiu as primeiras habitações para resistir às intempéries;
HOMO SAPIENS – É o embrião do homem de hoje. Com ele surgiram os primeiros sinais de civilização e vem evoluindo e se adaptando desde então, ganhando algumas denominações conforme a fase evolutiva, como o HOMO SAPIENS NEANDERTHALENSIS e o HOMEM DE CRO-MAGNON, suas formas mais antigas, até o HOMO SAPIENS SAPIENS, que, por sua vez, no estágio evolutivo atual, necessita de desmembramento, face às diversas características diferenciadas.
Sabe-se que há alguns anos começou a se revelar, depois de séculos, o HOMO EFEMINADUS, que por algum motivo qualquer nasceu homem quando deveria ser mulher, porque age e pensa como uma;
HOMO BABACUS – Aquele que terminada a adolescência, entrando na fase adulta, se acha, somente ele, o bonzão, o gostosão, que pode fazer o que quer e que toda mulher quer dar para ele. Faz faculdade particular só para dizer que tem nível superior, PÓS e MBA porque está na moda e não tem banca de avaliação. Frequenta academia só para zoar as mulheres e toma bomba para inchar os músculos. Tipo abundante, considerado o pior da espécie, porque tem inteligência limitada e não assume responsabilidades;
HOMO METROSSEXUALIS – esse tipo se preocupa com a aparência ao extremo. Diz-se que cuida do corpo, da alma e do guarda-roupa. Anda sempre na moda, vai ao salão de beleza para cuidar dos cabelos, das mãos e pés; depila os pelinhos, inclusive do púbis. Diz-se que tem complexo de bruxa da história da Branca de Neve. Na realidade, a intenção é ser bem diferente do chamado HOMO MACHUSPRABURRUS. Este morre, mas não vai ao urologista, muito menos ao proctologista, tudo indica, por não aceitar em hipótese alguma, vergonha, talvez, de realizar determinados exames, porque, segundo eles, vão na contramão da natureza. Considera que mulher é a fêmea que serve exclusivamente para satisfazer os seus instintos sexuais;
O HOMO REALIS, que é muito raro, é bem resolvido, vê a mulher como sua outra parte, tem consciência da sua condição natural e consegue se sair satisfatoriamente na relação eu/outro em todos os aspectos.
Finalmente, o HOMO FUTURUS que não foi descrito porque ainda não existe, apesar de que já começou a demonstrar que vem por aí.