quarta-feira, 29 de julho de 2020

Projeto de biblioteca itinerante lança delivery gratuito de livros no Rio


Para incentivar a leitura em tempos de isolamento social, o projeto “Livros nas Praças” começou a oferecer uma nova modalidade de empréstimo de obras: o delivery de livros. Leitores de toda a cidade do Rio de Janeiro podem solicitar títulos por meio da internet e recebê-los em casa de forma totalmente gratuita. A ideia é uma alternativa ao ônibus-biblioteca do projeto que tem um acervo de mais de dois mil livros e não circula desde março por conta da pandemia do coronavírus.

O projeto sempre teve como objetivos o incentivo à leitura e o empréstimo de livros. Com a pandemia, foi necessário repensar como seria nossa atuação. O delivery surgiu como opção porque foi um serviço que se popularizou muito nos últimos meses e pode atender leitores das mais diversas regiões, mas principalmente a população mais vulnerável, que não pode investir em livros e não costuma ter bibliotecas por perto — ressalta a idealizadora do projeto, Cristina Figueiredo.

O serviço oferece livros para crianças, jovens e adultos. Quem se interessar pelo empréstimo deve acessar a lista de obras disponíveis por meio do link (https://linktr.ee/livrosnaspracasdelivery). Após a escolha, basta enviar uma mensagem para o número de WhatsApp (21) 99419-8869, informando o nome ou o código da obra, além do endereço e nome completo do solicitante. A entrega e a devolução do livro são feitas pelos Correios.

 

Cada leitor pode pedir um livro por vez. Após receber a obra em casa, a pessoa tem um período inicial de 30 dias para concluir a leitura, podendo prorrogar o empréstimo caso seja necessário. Na hora da devolução, basta liga para o telefone do projeto e o exemplar será retirado na casa do solicitante. A iniciativa é apoiada pela Americanas, que patrocina o “Livros nas Praças” desde 2014, quando foi lançado.

Para garantir a segurança dos leitores, todas as obras serão higienizadas ao retornarem para o projeto. Por se tratarem de objetos de papel, os livros vão passar por um equipamento com radiação ultravioleta, que elimina micro-organismos de superfícies

https://linktr.ee/livrosnaspracasdelivery


terça-feira, 28 de julho de 2020

CAIPORA JURURU

CAIPORA JURURU

Homem branco

não sabe fazer sinal de fumaça, bota fogo na mata.

O lume clareia a escureza na mata virgem,

pinta de sangue o céu,

vira cinza o verde do mundo,

enluta o coração aborígene.

Cari babaquara,

caipora jururu.

A água do rio vai e não volta,

os bichos fogem para lugar nenhum,

a caça rareia, a fome veio para ficar

e o índio também não tem onde morar.

Cari babaquara,

caipora jururu.

A mãe terra vira areia,

índia bonita não tem aonde a sua beleza banhar.

Homem branco tinha que ficar no seu lugar.

Cari babaquara,

caipora jururu.

 Mario Rezende


terça-feira, 14 de julho de 2020


“Quem chora cortando cebola é mulher ciumenta” – Letícia estava cansada de ouvir o velho dito popular em casa. As lágrimas rolavam involuntárias para fora dos olhos conforme a cebola ia sendo cortada em pequenos quadradinhos, mas desta vez não havia ninguém por perto para repetir essas velhas crendices – Letícia havia saído de casa há dois anos, criando asas e voando para longe, bem longe. Sem dramas ou decepções, apenas o curso natural da vida. Seu mundo agora era uma kitnet, um colchão, algumas roupas, cozinha pequena, ônibus lotado, oito horas de trabalho e quase cinco horas de estudo, praticamente dezesseis horas fora de casa. Letícia era tudo o que poderia ser naquele momento: Mulher, trabalhadora, estudante, jovem. A única coisa que Letícia não era é ciumenta, apesar das lágrimas dizerem o contrário. Era cuidadosa, presente, carinhosa e um tanto super-protetora, mas jamais ciumenta. E de repente, ali, enquanto preparava aquela salada morna de lentilhas para o jantar, ela sentiu como se uma lâmpada se acendesse sobre sua cabeça, igual nos desenhos animados quando a personagem tem uma ideia: Ela precisava contar alguns novos fatos para sua família que ficara lá no interior do Estado e, sem querer, a cebola resolvera seus problemas. Limpou as mãos no pano, pegou o celular e discou, agradecendo mentalmente pelo desinteresse familiar sobre tecnologia e chamadas de vídeo.  Ao terceiro toque, o telefone foi atendido e ela reconheceu de pronto a voz da mãe. Conversaram e, como quem nada quer, ela citou estar preparando aquela tradicional salada “- Ah! Menina ciumenta! Deve ter chorado horrores cortando a cebola, hein?!”, a mãe disse em tom zombeteiro. Era exatamente essa reação que Letícia esperava para contar as novidades: “- Chorei sim, mas ciumenta, ciumenta, eu não sou. O ditado, no meu caso, saiu errado! Se eu fosse ciumenta, não estaria neste exato momento preparando a mesa para o meu namorado e o namorado dele, que agora é meu namorado também, portanto, seus genros, jantarem comigo”.  E assim, Letícia, deixando uma perplexa Dona Lígia ao telefone, imaginou ter desmentido a verdade popular que ouvira desde pequenina – Mal sabia ela que a recém descoberta poliafetividade estava longe de ser um indício de ausência completa de ciúmes. Mas isso é um capítulo para outro prato.




Salada morna de lentilhas

1 folha de louro
1 xícara (chá) de lentilhas
1 colher (chá) de sal
1 cebola inteira
2 colheres (sopa) de azeite
3 cravos da índia
2 colheres (sopa) de vinagre
2 dentes de alho picados
1 xícara (chá) de cebola picada
2 colheres (sopa) de salsinha picada
2 colheres (sopa) de cebolinha picada
1 xícara (chá) de pimentão picado

            Deixe a lentilha de molho por pelo menos doze horas e escorra. Espete os cravos na cebola inteira e coloque na panela, junte as lentilhas e o louro e adicione água fria até metade da panela. Tempere com sal. Cozinhe em fogo baixo até as lentilhas ficarem macias, porém firmes. Escorra e retire o louro e a cebola. Transfira as lentilhas para uma tigela. Misture os outros ingredientes e incorpore à lentilha.


(Autora: Darlene R. Faria)