segunda-feira, 27 de maio de 2019

Indagações

Pergunte-me quem sou
E te responderei:
Sou aquela que te ama
Idolatrando teu corpo e alma
Que quer se consumir no fogo do teu amor
Sou a paixão cega e mortal
Ardente e fria
Que é minha vida e minha morte
Sou a imensidão de um sentimento
Que não se pode sufocar
Temporal e calmaria
Tempestade de paixão
Sou da rosa pétala e espinho
Sou aquela que o amor tornou doce
E de tão doce,amarga…
Ser que vaga perdido
Num mundo que sem você
Não tem brilho, nem por que

(Darlene R. Faria)

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Destino

Destino?
Amar a ti mais do que a mim?
Quero-te e num suspiro aflito,
Chamo-te.
Chama que me consome
Primavera que me desabrocha
Olhar que me leva.
Em direção a vida? Ou às profundezas do vale
Onde cruel e morte impera
E a todos nós espera?
Com sua negra capa e sua foice
Dama impiedosa, amiga dos amantes
Que se querem e neste mudo não se podem ter
E resta-lhes apenas, pacientes
Sua visita aguardar
Sua visão buscar
Num obscuro lampejo de esperança
De no infinito finalmente
Amar, de maneira inocente
Como criança
à luz do luar, teus braços buscar
Em outro mundo, muito além daqui
Amar

(Poesia: Darlene R. Faria)

domingo, 19 de maio de 2019

Apenas palavras desconexas

O frio do ar gela meu coração
E nessa tarde de outono
Teu olhar, selvagem e doce
Faz-me flutuar pela imensidão
E me vem à mente palavras desconexas
Frutos da doce ilusão
Dessa amarga paixão
Claridade e escuridão
Dor, amor
Calor, solidão
Sentimentos brotam
Incontroláveis
Nessa tempestade de amar
A quem está-se condenado
A jamais poder tocar.

sábado, 18 de maio de 2019

BORBOLETEAR



BORBOLETEAR


Breve vai chegar o hora,
vou deixar essa vida de larva,
lagarta que se arrasta  pelo chão,
estágio de provação que eu preciso viver
para construir o meu futuro,
e, na clausura, produzir o meu retorno triunfante.
Dar à luz minhas asas
de colorido exuberante
e beleza sem par,
para viver, ainda que efêmera,
minha sonhada  liberdade,
a vida colorida nos jardins
que a natureza, em recompensa,  me oferece.
Vou beijar as flores,
Exibir e entregar minha beleza,
distribuir o amor,
borboletear por aí,
na tentativa de continuar.

terça-feira, 7 de maio de 2019

#MemóriasdaPoetisa #2010 [Sobre transformar trabalho em poesia]



O ano é 2010. Lembro-me do salão esfumaçado pelos cigarros, do cheiro abafado de tabaco, cerveja, comida e papel. O salão era pequeno e tínhamos o constante receio de que mais hora, menos hora, fosse fechado – afinal, ainda se discutia a legalidade ou não do jogo em nosso país e, até aquele momento (e até hoje) o jogo vinha sendo considerado ilegal. Enquanto as rodadas iam se repetindo, eu vendia meus lanches mesa por mesa, pegava cafés e observava as pessoas – aliás, muito embora a escrita tenha sido minha diversão desde tenra idade, foi verdadeiramente nos salões dos bingos que comecei a observar as pessoas, entendendo-as como personagens. Lembro que,  por vezes eu pegava uma cartela usada e me colocava a escrever poesias na parte de trás – hábito cuja freqüência crescia nos meses chuvosos e nos meses frios, principalmente no horário da noite. E especialmente, lembro de ter, certa vez, decidido escrever algo poético sobre... Bingos! Pois é, decidi que o trabalho deveria ser também um motivo de poesia – como tudo na vida. E eis que surge este poema simples e engraçado que, por alguns meses chegou a ficar afixado junto aos locutores:

Bingo
Bolinhas que pulam
Bolinhas numeradas
Bolinhas que falam
As linhas premiadas
Doces rodadas
Lindas partidas
Especiais bem lentas
Outras bem corridas
A boa! Bingo! Linha!
Passa a régua
“Só emoção”
Bingos eternamente
Em meu coração

(29-03-2010)

Os empregos sempre nos ensinam alguma coisa – comecei a trabalhar como garçonete em bingos no ano de 2005, permanecendo até 2010. Neste período vivi “causos” engraçados e também me estressei muito. Tomei gosto pelo trabalho pesado, aprendi a gostar de trabalhar com o público: era necessário atender bem, com rapidez e disposição – mesmo quando a madrugava já avançava junto com o sono. Ter trabalhado em bingos certamente me fez atenta e paciente e eu não tenho vergonha nenhuma de ter transformado os salões em poesia, mesmo que isso me tenha custado várias piadas.