Eu nunca tinha sentido
nada igual antes. Uma sensação assim, quase inexplicável. A primeira vez que eu
atingi o orgasmo, foi também a primeira vez que eu fiz amor com ele, também a
minha primeira relação sexual.
Como é bom fazer amor com
o homem que eu amo! Meu único homem. Aliás, acho que o único homem é meu. Eu
não vejo outros. Eu sou dele, inteira... sempre serei. O prazer é tão grande...
Ele me trata com tanto carinho... Eu gostaria que os nossos momentos juntos,
principalmente aqueles, nunca terminassem.
Esse negócio que ouço as
mulheres falarem que a primeira vez dói muito e sangra, é tudo uma grande
bobagem. Acho que elas inventam, ou, então, ele é o único homem que conhece e
sabe usar o corpo, fazer amor com uma mulher e, por muita sorte, tinha que ser
o meu.
Na minha primeira vez, a
princípio, é lógico, pelo que me contavam, eu estava um pouco nervosa. Mas,
quando me dei conta, a gente estava se acariciando de uma maneira deliciosa sem
o empecilho das roupas e olhos curiosos. Foi como se estivesse sonhando...
aquele corpo de homem inteirinho para mim, nuzinho, para fazer o que desejasse;
isolados no nosso ninho de amor, sem preocupações e olhares indiscretos e
maldosos. O que eu mais queria naquele momento, era me entregar a ele, inteira,
por dentro e por fora, deixar de ser uma garotinha para ser uma mulher, a
mulher, fêmea do homem que eu amo. Ambos estávamos prontos e ansiosos para
tomar a posse, integral e definitiva, por inteiro, do que sabíamos nos
pertencia. Assim, aconteceu como se fosse a coisa mais natural no mundo, como
se eu já tivesse feito aquilo várias vezes, eu sabia tudo, instintivamente. O
meu corpo foi preenchido justamente pela parte que lhe faltava. Eu me
completei. Me tornei, naquele momento uma mulher, inteira, feliz.
Impressionante! Eu mesma
me espantei. Eu já sabia tudo. Acho até que fui eu que tomei a iniciativa. Fiz do
jeito que eu desejava, como eu sentia melhor. Até que veio aquela sensação
louca, uma vontade de ter mais e mais. Descobri que a busca do orgasmo passa a ser
intuitiva. Quando você goza percebe o que estava fazendo e fica com uma
sensação de cansaço, mas muito, muito feliz. Agora eu entendo que nós não somos
inteiros, precisamos encontrar a nossa outra parte para nos completar. Eu o
amo, adoro. Eu o quero sempre, sempre... e tenho certeza que os sentimentos
dele são iguais aos meus. Nós nos completamos, não vivemos mais um sem o outro.
Foi assim que a Estela me
contou, quando me confidenciou sobre o relacionamento deles. Quando ela me
falou que estava namorando, eu até pensei que era algum colega nosso. Fiquei muito
surpresa quando ela revelou quem era... Nunca poderia imaginar... o Marcio, o professor
de literatura - disse a amiga Renata.
Depois, ela me falou que
estava muito preocupada. Eles não sabiam o que fazer porque ela ainda não era
maior de idade e o seu pai tinha descoberto de alguma forma ou alguém que os
viu juntos contou para ele. O pai não aceitou que ela namorasse um homem com a
mesma idade dele. Acho que esse foi o maior problema, por isso ele a estava
condenando.
Ela me disse que o Marcio
também tinha uma filha da mesma idade dela e que também estava tendo problemas.
Disse-me que ele chegou a lhe dizer que era melhor que terminassem tudo, porque
ela ainda era muito jovem tinha a vida inteira pela frente. Chegou a perguntar
várias vezes se ela tinha certeza dos seus sentimentos se era isso mesmo que
ela queria. Embora ele a amasse muito, estava disposto a afastar-se, se ela
quisesse. Ela lhe disse que queria viver com ele, não importava o resto. Embora
amasse e respeitasse os seus pais, ela o amava demais e eles tinham que
entender que ele era um homem e ela uma mulher que se gostavam e queriam um ao
outro. Queria ficar com ele mesmo que tivessem que fugir e até morreria se
tivessem que se afastar.
É impressionante como a
sociedade acha que pode e tenta interferir na vida das pessoas, nos
sentimentos. Apesar de ele ter vivido mais do que ela, de ter estudado muito e
ter uma filha da mesma idade dela, ele ainda era homem. Um homem muito especial
para ela, que já era mulher, apesar de não ter vivido tanto quanto ele.
Ultimamente ela vivia
triste, sem vontade de voltar para casa. Ficava mais feliz quando fazia hora na
biblioteca a pretexto de estudar. Agora eu sei que ela ficava esperando o
Marcio terminar as aulas.
Por causa disso tudo, eu,
às vezes, fico pensando se o homem enquanto animal instintivo seleciona da
mesma forma que o homem social a relação macho/fêmea, homem/mulher, na questão
do sexo (refletindo filosoficamente). Eu só sei que por conta disso eu perdi a
minha melhor amiga e que o pai dela deve estar muito triste e arrependido.
Quando ela não apareceu na
escola dois dias seguidos sem dar notícia, eu pensei que tinham fugido,
principalmente porque o Marcio também não foi dar aulas. Eu até fiquei feliz. Era
a única pessoa que sabia do relacionamento deles, além do pai e da mãe, é
claro. Pensei que ela estivesse bem longe, vivendo o seu amor, a vida que ela
tanto queria. Jamais iria imaginar que ela levaria adiante, com tanta
determinação, aquela história de para viver sem ele era melhor morrer.
Por isso foi um choque
para mim, aquela notícia publicada no jornal que circulava pelo colégio com a
fotografia da minha melhor amiga morta, abraçada, na cama de um quarto de motel,
com o professor de literatura, provocando comentários maldosos e indiscretos a
respeito dos dois, de quem jamais imaginaria o que ia ao coração daquelas duas
pessoas que deram a vida para morrer nos braços um do outro, fazendo amor.
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